segunda-feira, agosto 14, 2006

“(…)”Vou contar-te a história de um poeta do começo do século. Estava muito velho e era o secretário que o levava a passear. Um dia este disse-lhe: Levante a cabeça, Mestre, e veja! Olhe o primeiro aeroplano a passar por cima da cidade! – Posso muito bem imaginá-lo, replicou o Mestre.”

KUNDERA, Milan, A insustentável leveza do ser, Publicações Dom Quixote, 27º edição, Lisboa, 2005, p.102.

1 comentário:

Anónimo disse...

... e porque se fala em sabedoria,e este excerto é fantástico e subtil, achei interessante falar dela, mas através das "portas"...
Se abres uma porta, podes ou não entrar numa nova sala. podes não entrar e ficar observando a vida. Mas se você vence a dúvida, o temor, e entra, dá um grande passo: nesta sala vive-se! Mas, também, tem um preço... São inúmeras outras portas que você descobre.
O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta.
A vida não é rigorosa, ela propicia erros e acertos.
Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno. A vida é generosa, a cada sala que se vive, descobre-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas.
Ela privilegia quem descobre os seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida também pode ser dura e severa...
Se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente.
É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida... Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens! (Içami Tiba)
eu.