A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fachada de marés, a sonho e lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos
E telhados de vidro e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta ao vento, as salas frias.
A minha casa… Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentando numa pedra de memória.
Vitorino Nemésio in “Bicho Harmonioso”
Um abraço de agradecimento ao meu amigo António Brás, que teve a gentileza de enviar-me este poema.
1 comentário:
borboleta
Enviar um comentário